segunda-feira, 28 de julho de 2014




"O Domingo Ilustrado - 18 de Abril de 1926"
  O busto de Antero de Quental de Diogo de Macedo
 
 
- Esteve colocado no Jardim da Estrela e a primeira pedra do monumento foi assente por Bernardino Machado, em 18 de Abril de 1926. Actualmente o busto encontra-se em Coimbra, no Parque Dr. Manuel Braga.
O monumento a Antero que hoje se pode admirar no Jardim da Estrela é da autoria de Barata Feio.
 
 
 
Colocação da primeira pedra do Monumento a Antero de Quental, no Jardim da Estrela, no dia 18 de Abril de 1926  - Fotografias do acervo da Torre do Tombo



 
 

 


Escultura na Estrela
Há mais de um século que o jardim tem recebido diversas peças escultóricas no propósito de “civilizar“ a gente alfacinha, embora de algumas só tenha ficado na memória.
Cerca de 1884, vinda da cascata do Passeio Público do Rossio, que então se desmantelava para conclusão da Avenida, recebeu a herança romântica dos cisnes de pedra para os lagos e da Náiade para a gruta artificial, antigas esculturas de Francisco de Assis Rodrigues, que fora professor na Academia.
Na transição daquele século, junto à escola Froebel, teve uma Primavera em
Faiança da Fábrica de Devesas (Vila Nova de Gaia), cópia industrial de um bronze do escultor francês Maturino Moreau.
A fervorosamente republicana década de 10 foi pródiga em esculturas para a Estrela. Logo, em 1911, para receber os congressistas internacionais do Turismo, foram espalhadas cenograficamente, pelo jardim, cerâmicas coloridas, representando gafanhoto, rãs, cogumelos, caracol, golfinho e fabulado conjunto de Grou e Raposa, oriundas da Sociedade Fabril das Caldas, do Bordalo Pinheiro, resultando numa surpreendente animação que foi muito elogiada.
No mesmo ano, o município encomenda duas obras, segundo os modelos apresentados na Exposição da Sociedade de Belas Artes, destinadas a um jardim público: O Despertar sensível do escultor Simões de Almeida, sobrinho, colocado na Estrela desde 1912 e O Cavador, escultura realista de Costa Mota, tio, instalada no ano seguinte– um acerto por modas estrangeiras, investindo a edilidade na educação pela arte pública, bem visto na imprensa.
O primeiro monumento foi inaugurado em 1914, dedicado ao popular actor Taborda, que falecera poucos anos antes, com busto de Costa Mota, sobrinho, sob base do arquitecto municipal José Alexandre Soares. Ainda, neste ano, A Fonte da escultora Mª da Glória Ribeiro da Cruz foi encenada entre verdes murmúrios, junto à escola, e aí permaneceria até aos anos 40.A fantasiosa escultura da Guardadora de Patos, possivelmente adquirida por esta altura, foi colocada no meio de um lago, animado por patos de penas, ensaiando uma ilusão que permanece...
Nos agitados anos 20, surgiram novos monumentos: erguido por subscrição e presidencialmente inaugurado em 27, o de homenagem a Teófilo Braga, escritor e ex-presidente da jovem república, com busto modelado pelo escultor Teixeira Lopes e desmesurado suporte de mestre J.L. Monteiro, professor e antigo arquitecto camarário, que viria a ser retirado da Estrela em 1941; e o primeiro monumento do poeta Antero de Quental em 1929, também por subscrição, com arrojada escultura de Diogo de Macedo, sob base do arquitecto Jorge Segurado, vindo igualmente a desaparecer.
Assim, no início dos anos 40, foram polemicamente retirados, por algum tempo ou definitivamente, vários monumentos, até o do actor Taborda não escapou em 43, embora felizmente reposto (1953). Mas em 1942, também se levantou o primeiro monumento ao poeta João de Deus –que ali perto tem a sua escola e museu - com retrato em baixo relevo do escultor Leopoldo de Almeida e um acertado arranjo em êxedra do arquitecto Raul Lino, propondo murete com bancos adossados, pertinentemente convidando à leitura, que viria a ser, mais de uma década depois, infelizmente desmantelado. Em 1951, novo e melhor monumento a Antero de Quental, desta vez com angustiada estátua de Barata Feio, foi inaugurado pela Câmara na velha gruta, deixando uma obra maior no jardim.
Décadas mais tarde, em 1986, o resto de um velho tronco de ulmeiro seco foi entalhado num gosto naif por M. Vladimiro da Silva, sacando-lhe rostos entre exuberante flora e inscrevendo-lhe os antigos nomes da capital; a obra Árvores Encantadas viria a desaparecer, vandalizada pelo fogo, cerca de 1998.
Nova Homenagem camarária e da associação dos jardins escola ao autor da Cartilha, no centenário de 96, fez surgir uma estátua do escultor Laranjeira Santos, segundo um pequeno modelo de Leopoldo de Almeida datado de 33.
Assim, durante Novecentos, a memória dos dois poetas e amigos parece ter a força de renascer sempre, em pedra e bronze, talvez, porque o jardim é poeticamente dedicado a Guerra Junqueiro.
Fonte:
Pedro Bebiano Gomes(GEO)




 
 
 

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