quinta-feira, 30 de novembro de 2017




Os livros de Aquilino Ribeiro


Ao arrumar nas prateleiras as obras de Aquilino Ribeiro, reparei que o escritor  oferecia a meu Pai os livros, que periodicamente ia editando, com dedicatória cordial, mesmo afectuosa, o que foi acontecendo até 1939.
"Mónica" é o último livro com dedicatória!






Após o aparecimento da cegueira de meu Pai, éramos nós, os filhos, que lhe líamos os livros. Quase sempre nas férias de verão que passávamos  na Idanha-Belas, nessa altura um aldeia saloia, e respirávamos os ares do Pinhal da Venda Seca.
No verão de 1939, durante a leitura do romance "Mónica" por uma das minhas irmãs, meu Pai ouvia com deleite uma das passagens em que o o escritor descreve a natureza, com a mestria que lhe era peculiar. Apareceram então no pinhal umas amigas da leitora, que foram convidadas por meu Pai a ouvir "a maravilhosa prosa"! Mas  no seguimento da leitura, o texto passou a referir comportamentos humanos "mais ousados", o que deixou meu Pai perplexo...
Passado algum tempo meu Pai teria contado a Aquilino Ribeiro este facto, manifestando uma opinião sobre o romance que coincidia com as críticas que então lhe eram feitas nalguns jornais.
A partir de então as ofertas dos "livros do Aquilino" passaram a ser dádivas de seus filhos ou da tia Gigi...
Contando estas recordações ao António Valdemar, que considero "um perito aquiliano", fui alertado para o "reboliço literário" provocado com o aparecimento do romance "Mónica", e para a polémica entre João Gaspar Simões e Aquilino Ribeiro.
Recordo que há meses, conversando com o António Silveira, saudoso amigo, filho do Professor António Silveira, soube que conservava uma bengala que pertenceu a Aquilino Ribeiro. Foi uma oferta do escritor ao Professor Silveira, por este ter conseguido demove-lo da vontade de dar umas bengaladas no áspero e feroz crítico do seu livro - "Mónica"!...
De facto recordo que as relações entre meu Pai e Aquilino Ribeiro passaram a ser "mais distantes" a partir da década de 40. 
Durante a vivência no meio familiar fui reconhecendo como é difícil avaliar a personalidade, seja de quem for, mesmo dum grande escritor.


A bengala oferecida ao Professor António Silveira














A polémica no Diário de Lisboa








A polémica no livro "Abóboras no Telhado"



















quarta-feira, 29 de novembro de 2017



Jorge de Abreu  -  Um notável jornalista 

É complicado, na minha idade, arrumar as estantes. É obra vagarosa, não só por falta das forças que tal actividade requer, mas porque fico a ler e a recordar. Que o diga a Vitória Maria que tem a casa num alvoroço!
Ao ordenar os livros sobre a implantação da República encontrei a encadernação com os dois textos de Jorge  de Abreu - "A Revolução Portuguesa -  O 31 de Janeiro e O 5 de Outubro".













As páginas em que Jorge de Abreu se refere a actividade de Aquilino Ribeiro na "fabricação" de bombas















Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira







Francisco Jorge de Abreu nasceu no Funchal, a 23 de abril de 1878, e morreu no Porto, a 7 de junho de 1932. Frequentou o curso da Escola Médica do Funchal até ao 3.º ano, tendo-o depois abandonado. Desde muito cedo, dedicou-se ao jornalismo. Colaborou no antigo jornal funchalense o Diário Popular. Destacou-se em Lisboa, exercendo a sua atividade em vários jornais da capital: Tarde, Novidades, o Século, A Capital e o Primeiro de Janeiro. O seu mérito no múnus jornalístico foi desde cedo reconhecido pelos colegas de métier, chegando a chefe de redação em várias publicações, como O Século, A Vitória e o Primeiro de Janeiro.
As suas crónicas sobre a Primeira Grande Guerra ajudaram a criar-lhe uma auréola mesmo no campo literário, pois não se limitava a tratar conteúdos militares, abordando também aspetos do quotidiano da vida das populações como consequência do conflito que arrasou toda a Europa e no qual Portugal se viu envolvido por decisão própria e tendo em conta os interesses nacionais nas colónias africanas, com destaque para Angola e Moçambique. Era, de facto, sobre estes territórios que impendia o apetite das grandes potências europeias, nomeadamente da Alemanha, com a qual Portugal esteve diretamente em guerra nessas colónias, com deslocação de expedições de militares metropolitanos para o teatro africano de guerra, o que, naturalmente, tornava ainda mais interessantes as crónicas de Francisco Abreu, pois era a vida dos filhos das famílias portuguesas que estava em causa. Para além disso, a sua escrita era sustentada por um vasto conhecimento no campo literário, uma vez que traduziu vários romances, publicados em forma de folhetim, e se dedicou ainda à tradução de várias peças de teatro estrangeiras, como o Grande Mágico, Fernando Vai Casar, O Pai do Regimento, O Alfaiate de Senhoras, Clotilde Está de Esperanças, O Afilhado da Madrinha ou Ouro sobre Azul. Entre a sua obra conhecida, contam-se os títulos A Revolução Portugueza: O 31 de Janeiro (Porto 1891), A Revolução Portugueza: O 5 de Outubro (Lisboa 1910), ambos de 1912, e Boémia Jornalística (Memórias d’Um Profissional com 30 Anos na Fileira), de 1927.
Não obstante a fidelidade factual do jornalismo que praticava, as suas convicções democráticas e republicanas são evidentes nas reportagens que fez a propósito das incursões monárquicas a partir de Espanha, nos tempos agitados da Primeira República, ou seja, o seu jornalismo não pode ser acusado de se afastar dos acontecimentos, mas reveste-se daquela característica de jornalismo de compromisso, ou engajé, para usar o galicismo com que então o designavam os críticos. Era um jornalismo, ainda assim, honesto, uma vez que não se ocultava por detrás de uma falsa neutralidade, antes assumindo, frontalmente, as causas políticas com que se identificava. Francisco Jorge de Abreu corria assim todo o tipo de riscos que essa atitude implica, incluindo os da integridade física, pois as suas crónicas e reportagens implicavam, não poucas vezes, deslocações a Espanha, junto às bases de onde partiam os ataques monárquicos, sistematicamente liderados por Paiva Couceiro, como ilustra a seguinte citação: “[…] meses mais tarde, Paiva Couceiro [monárquico], juntamente com o seu bando, entraram em Portugal […]. A certa altura, alguns jornalistas deslocaram-se até Espanha, incluindo Abreu. […] estavam animadamente a conversar num bar quando um homem lhes disse: ‘Os senhores têm vinte e quatro horas para abandonar o território de Hespanha […]’” (ABREU, 1927, 55).
Em muitos dos seus trabalhos, Francisco Jorge de Abreu assumiu o pseudónimo de Mateus Sincero, o que não pode deixar de ser visto como uma atitude perante a vida.
Obras de Francisco Jorge de Abreu: A Revolução Portugueza: O 31 de Janeiro (Porto 1891) (1912); A Revolução Portugueza: O 5 de Outubro (Lisboa 1910) (1912); Boémia Jornalística (Memórias d’Um Profissional com 30 Anos na Fileira) (1927).
Bibliog.: impressa: ABREU, Jorge, Boémia Jornalística (Memórias d’Um Profissional com 30 Anos na Fileira)Lisboa, Livraria Editora Guimarães & C.ª, 1927; LEMOS, Mário Matos, Jornais Diários Portugueses do Século XX: Um Dicionário, Coimbra, Editora Ariadne/CEIS20, 2006; LISBOA, Eugénio (coord.), Dicionário Cronológico de Autores Portugueses, vol. III, Mem Martins, Publicações Europa-América, 1994; “A Morte de Jorge de Abreu”, Jornal de Notícias, Porto, 9 jun. 1932, p. 1, cols. 7 e 8 e p. 3, cols. 1 e 2; “Faleceu o Brilhante Jornalista Sr. Jorge de Abreu”, O Jornal do Comércio e das Colónias, Lisboa, 9 jun. 1932, p. 1, cols. 7 e 8; E. N., “Carta de Lisboa – Jorge de Abreu”, Jornal de Notícias, Porto, 11 jun. 1932, p. 1, col. 6; digital: LOPES, Ana Isabel Nogueira, “Abreu, Jorge (1927). Boémia Jornalística (Memórias d’Um Profissional com 30 Anos de Fileira): Ficha Bibliográfica”,Universidade Fernando Pessoa: http://teoriadojornalismo.ufp.edu.pt/inventarios/abreu-jorge-1927 (acedido a 18 set. 2015); PROJECTO MOSCA,Abreu, Jorge (1878-1932)”, Arquivo Histórico-Social/Projecto Mosca, Universidade de Évora: http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/arquivo/?p=creators/creator&id=1128 (acedido a 1 set. 2015).
Miguel Fonseca
(atualizado a 30.08.2016)










terça-feira, 28 de novembro de 2017



Para o António Valdemar

Uma recordação do Miguel Sá Marques!


Clicar em  -  https://arquivos.rtp.pt/conteudos/rubrica-de-antonio-valdemar-sobre-o-sono/
para ver o programa - "Acontece"






segunda-feira, 27 de novembro de 2017

O que Arde, Cura: Daniel Maia-Pinto Rodrigues fala sobre Alfredo Guisado


Recordar Alfredo Guisado  -  9



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Sobre a intervenção parlamentar de Alfredo Guisado a propósito do falecimento do poeta Camilo Pessanha


A Capital
15.3.1926





domingo, 26 de novembro de 2017

Sala Couto Viana

Viana do Castelo homenageou ERNESTO ROMA durante as Comemorações do 20.º aniversário da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis 




Dr. António Roma Torres











Viana do Castelo comemorou o 20.º aniversário da Rede Portuguesa de Municípios Saudáveis

A Rede Portuguesa de Cidades Saudáveis é uma associação de municípios constituída formalmente a 10 de Outubro de 1997, em Viana do Castelo. A rede tem como missão apoiar a divulgação, implementação e desenvolvimento do Projecto Cidades Saudáveis nos municípios que pretendam assumir a promoção da saúde como uma prioridade da agenda dos decisores políticos.
Dos seus objectivos consta apoiar e promover a definição de estratégias locais susceptíveis de favorecer a obtenção de ganhos em saúde; promover e intensificar a cooperação e a comunicação entre os municípios que integram a rede e entre as restantes redes nacionais participantes no Projecto Cidades Saudáveis da Organização Mundial de Saúde (OMS); e divulgar o Projecto Cidades Saudáveis, estimulando e apoiando a adesão de novos Municípios.
PROGRAMA:
24 de Novembro | Forte de Santiago da Barra
11:00 | Sessão solene: retrospectiva dos 20 anos da RPMS
15:00 | Mesa redonda: “O estado actual da promoção da saúde a nível local e desafios para os objectivos do desenvolvimento sustentável 2030”
16:30 | Momento cultural
25 de Novembro | Biblioteca Municipal
10:00 | Abertura da exposição “Ernesto Roma: vida e obra” | Ala Jorge Amado
10:30 | Conferência: “Psicoeducação e grupos multifamiliares na Diabetes” | Sala Couto Viana





















Na impossibilidade de poder estar presente, enviei umas palavras sobre a minha vivência com o Doutor Roma, que foram lidas pelo seu sobrinho-neto Dr. António Roma Torres.











Intervenção do Dr. António Roma Torres